Uma organização que aprende é composta por pessoas que aprendem
“As organizações que aprendem são aquelas nas quais as pessoas aprimoram continuamente suas capacidades para criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir” – Peter Senge, 1990
Esta é uma citação do livro “A Quinta Disciplina – a arte e a prática da organização que aprende” escrita por Peter Senge em 1990. Senge, professor no MIT e Sloan, afirmou que a verdadeira vantagem competitiva de uma organização seria a sua capacidade de aprender mais rápido do que a concorrência. Durante anos este conceito foi discutido de forma teórica, mas na realidade poucos líderes e poucas organizações realmente aderiram a este modelo. O mundo ainda não estava preparado para tal.
Mais recentemente, 25 anos depois, Robert Kegan e Lisa Laskow Lahey, professores de Harvard, estudiosos do desenvolvimento humano, foram na busca de empresas que tivessem no seu DNA a aprendizagem, como elemento central da sua cultura. Eles encontraram exemplos variados do que eles designaram como Organizações Deliberadamente Desenvolvimentistas (DDO), em que que o desenvolvimento humano e o desenvolvimento organizacional são uma única frente interconectada, que se retroalimentam. Além disso descobriram, ao contrário do que as organizações tradicionais pensam, que essas organizações com uma cultura focada em desenvolvimento, em que a aprendizagem faz parte integrante de tudo o que é feito pelas pessoas, têm também resultados financeiros extraordinários.
A Quantum nasceu com o objetivo de ser parceira no desenvolvimento humano e organizacional e buscamos impulsionar resultados por meio da geração de consciência, protagonismo e aprendizado contínuo. Então, não podíamos deixar de partilhar aqui as principais descobertas de Kegan e Lahey, que sustentam e expandem Senge, trazendo na prática, como criar organizações que aprendem com a execução do dia a dia, para se tornarem melhores a cada dia, através do desenvolvimento individual incansável de todos os que fazem parte da organização, desde o colaborador com a função mais básica ao líder de topo.
O mundo VUCA
Em um mundo, em que as evoluções tecnológicas levaram a um mundo mais interdependente e acelerado, com um nível de complexidade elevado e mudanças acontecendo a uma velocidade nunca vivida, a adaptabilidade com agilidade se tornam condições imprescindíveis para a sobrevivência e sucesso. Ou seja, a natureza dos desafios organizacionais demanda um modelo mental de eterno aprendiz e que simultaneamente seja capaz de trabalhar em um contexto de ambiguidade, para o qual não existe uma única forma de resolver os problemas e frequentemente é pela integração de ideias aparentemente opostas, que se consegue avançar. É um novo paradigma de forma de trabalhar e gerenciar, que convida a estar confortável com o desconforto de não ter todas as respostas e de diariamente ser convidado a se desafiar e se questionar para evoluir. Resiliência, inteligência e maturidade emocional são imprescindíveis neste contexto.
Por tudo isto Kegan afirma que as DDOs são uma das melhores formas que uma organização pode pensar para prosperar neste momento.
O que é então uma DDO e qual a sua estrutura?
A premissa central é que, em uma DDO, o desenvolvimento contínuo das pessoas faz parte da missão e do funcionamento diário da organização. Ao invés de separar a vida pessoal da profissional ou ver o crescimento como uma responsabilidade exclusivamente individual, as Organizações Deliberadamente Desenvolvimentistas estruturam toda a cultura e os processos organizacionais para incentivar a melhoria constante de todos, desde CEO ao colaborador da portaria.
O desenvolvimento não é apenas uma questão de adquirir novas habilidades ou melhorar o desempenho. Ele envolve uma transformação profunda nas pessoas, nas suas crenças e formas de entender e viver no mundo, permitindo-lhes enfrentar suas limitações, aumentar sua autoconsciência e se tornarem versões mais completas de si mesmas. A DDO é um ambiente em que todos são encorajados a expor suas fraquezas e trabalhar nelas, o que resulta em maior maturidade emocional e capacidade profissional.
As DDOs são fundamentadas em três pilares principais, conhecidos como Edge (Limite), Groove (Governança) e Home (Lar):
- Edge (Limite): Representa o espaço onde os funcionários são incentivados a sair de sua zona de conforto e enfrentar suas limitações pessoais e profissionais. A ideia é que, ao confrontar seus pontos cegos e fraquezas, as pessoas cresçam. A DDO cria uma cultura em que o erro não é punido, mas visto como uma oportunidade de aprendizado, e as pessoas são constantemente desafiadas a superar suas dificuldades.
- Groove (Governança): Em uma DDO, o trabalho diário não é apenas uma maneira de alcançar objetivos operacionais, mas é utilizado como uma ferramenta de desenvolvimento. Ao realizar suas tarefas, as pessoas estão também, ao mesmo tempo, trabalhando em seu próprio crescimento. Isso é feito por meio de feedbacks contínuos, reflexões e revisões colaborativas, criando um ambiente onde o desenvolvimento é integrado ao trabalho. Tem uma governança e processos e rituais que sustentam este desenvolvimento.
- Home (Lar): Refere-se ao suporte comunitário que as DDOs proporcionam. Ao contrário de muitas culturas corporativas, onde os colaboradores competem uns com os outros ou evitam mostrar vulnerabilidades, uma DDO incentiva uma comunidade de apoio. As equipes são incentivadas a ajudar uns aos outros a se desenvolverem, criando uma rede de confiança e segurança psicológica, onde as pessoas podem ser transparentes sobre seus desafios e progressos.
Empresas que são exemplos de organizações que prosperam ao incorporar o desenvolvimento pessoal como uma parte fundamental de suas culturas, transformando a experiência de trabalho e impactando positivamente seus resultados financeiros.
Quais os desafios das DDO’s?
Embora os benefícios de uma DDO sejam claros – aumento de produtividade, inovação, retenção de talentos, e um ambiente de trabalho mais engajado – essa transformação não é fácil.
Criar uma cultura de transparência radical, onde todos os colaboradores são incentivados a expor suas falhas e vulnerabilidades, pode ser desconfortável, especialmente em culturas corporativas mais tradicionais.
A mudança para uma DDO exige comprometimento profundo da liderança de topo e a criação de um ambiente seguro, onde as pessoas sintam que podem correr riscos interpessoais e profissionais sem medo de retaliação. Essa cultura de desenvolvimento contínuo precisa ser institucionalizada, o que pode ser um processo longo e difícil em organizações que estão acostumadas a manter fronteiras rígidas entre o crescimento pessoal e a vida profissional.
Conclusão
As Organizações Deliberadamente Desenvolvimentistas apresentam uma visão revolucionária sobre como as organizações podem ser estruturadas para integrar o desenvolvimento humano em seu núcleo. Os lideres destas organizações, tal como reportado no livro de Kegan e Lahey, sugerem que, ao permitir que os funcionários cresçam como indivíduos, as empresas também se beneficiam de uma maior inovação, resiliência e engajamento.
As Organizações Deliberadamente Desenvolvimentistas oferecem uma proposta atraente para o futuro do trabalho, onde o sucesso organizacional não é alcançado às custas do bem-estar das pessoas, mas em conjunto com seu crescimento e desenvolvimento. Esse modelo cria uma cultura de transparência, apoio e melhoria contínua, resultando em organizações mais saudáveis, adaptáveis e prósperas.
Na @Quantum apoiamos líderes, gestores e qualquer pessoa interessada em entender como transformar organizações em espaços que promovam tanto o crescimento pessoal quanto o sucesso profissional, criando um ambiente onde todos podem se desenvolver e atingir resultados superiores, além de lidar melhor com os desafios de complexidade do mundo atual.