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Será que as organizações podem não implementar uma estratégia ESG?

Escutamos no dia a dia constantes notícias sobre desastres ambientais ou injustiça social. Neste contexto, a sigla ESG aparece como a “solução” para vários dos problemas modernos e assim se torna  uma “exigência” da sociedade.

O que se constata é que efetivamente não é muito claro o que este conjunto de letras significa ou representa, nem o motivo que o torna um dos eixos para a sustentabilidade de organizações e sociedade. Além disso, mesmo quando entendido, nem sempre fica fácil buscar formas de trazer os conceitos para a realidade. Percebemos frequentemente a dificuldade em criar e colocar em prática ações específicas, que tragam os resultados e gerem o valor desejado .

Tentamos neste texto trazer maior clareza sobre estes temas de ESG, ODS e sustentabilidade, e partilhar uma possível forma como organizações e suas equipes de liderança podem construir planos de desenvolvimento concretos para lidar com os desafios, atuais e futuros, a partir da matriz de objetivos temáticos universais  ODS.

Acreditamos que a partir desta clareza e de um exercício de integração do proposito da organização, sua visão de futuro, com o seu contexto de negocio e seus desafios, expandimos a consciência das lideranças sobre o impacto atual e as possibilidades reais de impacto futuro, moldando a estratégia e a cultura da organização.

Comecemos pelo princípio:

A sigla ESG surgiu em 2004, faz este ano 20 anos, em um relatório da ONU, produzido em conjunto por várias organizações financeiras internacionais a convite pelo então Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan. O objetivo do grupo era desenvolver uma série de diretrizes e recomendações sobre como integrar melhor as questões ambientais ( environmental), sociais e de governança corporativa na análise e gestão de ativos e serviços de corretagem de seguros, títulos e ações. Daqui já se pode identificar o significado de cada letra de ESG.

O Banco do Brasil foi uma das instituições que contribuiu e subscreveu o referido relatório. 

Curiosamente o título do referido relatório, que trouxe a sigla ESG para a discussão pública, era:” Quem se preocupa, ganha”.

O subtítulo se intitulava “Conectando os mercados financeiros a um mundo em mudança”.

As instituições estavam convencidas já à altura que organizações que performarem melhor em ESG podem aumentar o valor para acionistas e partes interessadas, não só através de melhor gestão dos riscos e acesso a novos mercados e oportunidades, além do impacto na percepção de marca.

As instituições que endossaram estavam convencidas de que uma melhor consideração dos fatores ambientais, sociais e de governança, em última instância, vai contribuir para mercados de investimento mais fortes e resilientes, como bem como contribuir para o desenvolvimento sustentável das sociedades.

Avancemos para o presente:

O mais recente relatório sobre o Futuro do Trabalho ( Future of Jobs 2023) do Fórum Económico Mundial refere como principais 10 macrotendências para os próximos anos que irão afetar as estratégias das organizações:

  1. Aumento da adoção de novas tecnologias de ponta: 86,2%
  2. Ampliação do acesso digital: 86,1%
  3. Ampliação das estratégias ESG (Ambientais, Sociais e de Governança): 80,6% 
  4. Alta do custo de vida dos consumidores: 74,9% 
  5. Desaceleração do crescimento econômico global: 73%
  6. Investimentos que impulsionem a transição verde nos negócios: 69,1%
  7. Escassez ou encarecimento de suprimentos: 68,8%
  8. Consumidores mais expressivos em relação à causas sociais: 67,6%
  9. Consumidores mais expressivos em relação à causas ambientais: 67,5%
  10. Investimentos em adaptações nas operações motivados pelas mudanças climáticas: 65,1%

Não sendo surpresa por tudo o que se lê e escuta nas medias sociais, percebemos que as causas ambientais e sociais, associadas a governança corporativa mais transparente e ética estão entrando na agenda estratégica das organizações. Por questões financeiras e de gestão de riscos, e de percepção de marca e de gestão eficaz de talentos, a sustentabilidade das organizações passa também por ações concretas nos temas associados de ESG.

Acreditamos que organizações e líderes mais conscientes e preocupados em criar valor para o ecossistema em que atuam terão mais resultados no futuro, pois terão maior facilidade em atrair financiamento de investidores e clientes, assim como atrair e reter funcionários. Tal como é dito no lema do relatório, “quem se preocupa, ganha”.

E os ODS?

Em 2000 a ONU estabeleceu as 8 metas do milênio, com o apoio de 191 nações, que ficaram conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) para serem trabalhados até 2015.

Já os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), foram adotados pelos países-membros das Nações Unidas em 2015 como um apelo universal à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir que até 2030 todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade.

Os 17 ODS são integrados, no sentido que a ação em uma área afetará os resultados em outras, e que o desenvolvimento deve equilibrar a sustentabilidade social, econômica e ambiental

O resultado financeiro é um dos elementos da saúde e viabilidade de uma organização. Por outro lado, devido aos desafios complexos atuais e futuros as organizações estão sendo “convidadas” ir além e a expandir além de criar valor para acionistas (shareholders) para atender necessidade e criar valor para partes interessadas do ecossistema (stakeholders), internas e externas. Nesse sentido, além de funcionários, clientes e concorrentes, surgem como partes interessadas menos óbvias fornecedores e parceiros, o ambiente, a sociedade e até as gerações futuras.

Os ODS são uma forma de tangibilizar objetivos concretos de ESG e de criação de valor para os diversos grupos interessados! Cada organização, pela natureza da sua atividade, tem a possibilidade de impactar em algum ou mais temas da matriz de ODS. 

Quais as perguntas de integração?

Convidamos alguns de nossos clientes, preocupados em colocar o seu propósito em prática, garantir a sustentabilidade de seu negócio e contribuir conscientemente para o ecossistema em que operam, a fazer um exercício de reflexão e planejamento. 

O processo, de forma simplificada, segue o seguinte fluxo de questões:

  1. Qual o propósito da organização?
  2. Quem são os stakeholders deste ecossistema?
  3. Qual a nossa visão de futuro? O que as gerações futuras pedem que criemos?
  4. Que valor esta visão gera para cada grupo de stakeholders?
  5. Como podemos criar valor além do EBITDA para o nosso ecossistema e deixar um legado, além de sustentabilidade de negócio? 
  6. Em que ODS já operamos ( e de que forma)?
  7. Em que ODS poderíamos operar ( e de que forma)?

Frequentemente este exercício revela que a organização já faz muita coisa, só que não tem consciência disso. Nesse caso, a organização é convidada a fazer mais e mais intencionalmente e formalmente para captar melhor os benefícios das suas ações, nomeadamente para atrair investimento, atrair e reter clientes e funcionários.

Em outras situações, este exercício surge como uma revelação de oportunidades e possibilidades para a sua estratégia e posicionamento no mercado, levando a transformações de negócio.

Não são apenas as grandes empresas cotadas na bolsa que necessitam refletir sobre estes temas. Talvez as empresas familiares, que compõem a maioria da economia dos países, sejam as que mais podem ganhar e se transformar e com isso impactar positivamente os mercados e sociedades em que atuam.

Qual é a questão que não quer calar?

O que acontece se a organização não considerar os temas de ESG na sua visão, estratégia e até valores? Talvez esse seja o maior risco para a sustentabilidade dela.

Por fim, este é um processo que pede liderança consciente e ativa, começando pela equipe de topo. A Quantum Development apoia líderes e suas equipes a co-criar as condições necessárias para o desenvolvimento de organizações saudáveis e sustentáveis. Quer saber mais? Nos contate e teremos o maior prazer em conhecer os seus desafios e partilhar nossas experiencias.

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