Desenvolver autoconfiança e ser assertiva são fatores-chave no processo
Sem dúvida, a maneira como as pessoas se comunicam pode tanto facilitar quanto dificultar relacionamentos, negócios, objetivos e até mesmo a evolução pessoal ou profissional. No caso das mulheres, existem diversas barreiras estruturais e internas, às vezes inconscientes, que podem prejudicar a comunicação assertiva e impedir que nos posicionemos de forma mais eficaz. Entender quais são esses obstáculos, internos e externos, e gerenciá-los é fundamental para potencializar o desenvolvimento feminino e possibilitar o avanço nas mais diversas áreas.
Historicamente, fomos ensinadas, em geral, a ter um estilo de comunicação mais contido. Esperava-se que fôssemos discretas, escutássemos mais do que falássemos, não nos impuséssemos e aceitássemos coisas sem questionar. Isso está relacionado a uma questão histórica e estrutural de desigualdade de gênero: e por crescer em ambientes nos quais essa percepção limitante é naturalizada, nós, mulheres, ainda hoje podemos nos comportar assim. Por outro lado, quando saímos do padrão e nos posicionamos com mais assertividade e autoconfiança, podemos ser percebidas como arrogantes, autoritárias ou agressivas. Um artigo da Harvard Business Review, por exemplo, examinou 200 avaliações de desempenho em uma organização e concluiu que, das análises que continham a expressão “agressivo(a) demais”, 76% eram atribuídas às mulheres e apenas 24% eram atribuídas aos homens.
Em geral, também podemos ter mais dificuldade para reconhecer nossas contribuições e conquistas – principalmente profissionais –, dar visibilidade a elas e compartilhá-las com outras pessoas. Por frequentemente enxergarmos a ambição com um viés mais negativo, mais autocentrado, podemos minimizar ou não valorizar as nossas entregas, temendo passar uma imagem de ganância e esperando que os nossos avanços e resultados sejam percebidos “naturalmente” por gestores e colegas. Nesse sentido, adotamos mais frequentemente uma postura mais passiva e conformada. Além disso, na hora de nos expressarmos, podemos dar explicações em excesso, em vez de ir direto ao ponto. Isso frequentemente tem a ver com uma necessidade de justificar o posicionamento para evitar potenciais conflitos, além do receio de sermos incompreendidas se não explicarmos tudo de forma detalhada e exaustiva.
Como melhorar a comunicação?
Uma coisa é certa: dar visibilidade às nossas conquistas traz ganhos para nós e também para nossas equipes e organizações. Porém, não se trata apenas de receber elogios. Reconhecer e falar sobre o avanço, especialmente dentro das organizações, é importante para mostrar à nós mesmas e aos outros nossa capacidade de agregar valor e evoluir, criando, assim, ambientes diversos e mais eficazes. Mais do que isso, é necessário também entender a importância de formar alianças estratégicas para promover a colaboração nas empresas – em busca de objetivos comuns a todos – e garantir que as conquistas sejam reconhecidas por líderes e profissionais responsáveis pela tomada de decisões, ainda maioritariamente homens. Isso possibilita a evolução e o crescimento profissional.
Explorando de uma forma mais estruturada, sabemos que a comunicação tem três tripés importantes: falar, escutar e perguntar. Ao mesmo tempo em que é importante as mulheres exercitarem a escuta ativa para criar uma conexão com as outras pessoas durante as conversas e ouvir suas perceções, também é importante fazer perguntas e se posicionar de forma mais ativa na fala. Assertividade não é sinônimo de agressividade, como frequentemente é associada: as mulheres podem – e devem – se expressar de maneira direta, breve, segura e firme para que suas vozes sejam ouvidas quando têm coisas a agregar sobre questões relevantes. Isso envolve a linguagem verbal, mas também a voz e a postura corporal, que devem transmitir convicção e autoconfiança. Em paralelo, é importante estimular uma mudança estrutural nas organizações para líderes, equipes e profissionais – principalmente homens – desconstruírem a noção de que mulheres que se posicionam e se impõem são “temperamentais” ou “agressivas”.
Uma ferramenta capaz de ajudar as mulheres a ter uma comunicação assertiva e eficaz – e ser, simultaneamente, agentes de mudança nos seus ambientes profissionais ou pessoais – é o coaching, individual ou em grupo. Também é um processo importante para aumentar a autoconsciência e o autoconhecimento, assim como a autoconfiança. Esses são fatores-chave para as mulheres perceberem em quais aspetos precisam melhorar e como podem fazer isso para potencializar o seu desenvolvimento e evolução, além da própria eficácia e eficiência no seu trabalho ou melhoria de relacionamentos pessoais e profissionais. Essa jornada de autodescoberta não apenas impulsiona o desenvolvimento individual, mas também contribui para ambientes de trabalho mais eficazes e equitativos, gerando impactos positivos também para famílias, organizações e sociedade.
* Bianca Aichinger e Susana Azevedo são ex-executivas, coaches e sócias-proprietárias da Quantum Development.
Sobre a Quantum Development – diferenciando-se do mercado “comoditizado” de desenvolvimento, a Quantum foi criada com o propósito de apoiar organizações e líderes em sua busca por transformação para lidarem com um mundo em constante evolução e se tornarem “future fit”. Em seu portfólio de serviços, a Quantum oferece soluções integradas de desenvolvimento profissional para equipes, grupos e indivíduos que buscam estratégias de transformação eficazes e coerentes com seus valores.