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Mude seu mindset sobre Inovação – De expert a curioso

“Quase sempre, novas grandes ideias não surgem de uma pessoa isolada ou de uma função, mas sim da interseção de funções ou pessoas que nunca se conheceram anteriormente” 

O autor dessa frase é Clayton M. Christensen, professor na HBS especializado em Inovação Disruptiva, autor do livro O Dilema da Inovação.

Antes da pandemia mesmo, já se dizia que o mundo era VUCA – volátil, incerto, complexo e ambíguo. Já vivíamos um ambiente dinâmico e hiper conectado, em que a tecnologia liderava o caminho.

Entretanto, o Covid19 atingiu o mundo em uma escala global como um meteoro (alguma analogia com a extinção dos dinossauros?) e acelerou ainda mais a sensação de Incerteza e Imprevisibilidade. 

Como Darwin (1809-1882) disse há mais de um século, “não são os mais fortes ou os mais inteligentes que sobrevivem, são os que melhor se adaptam”.

E o que significa se adaptar, se não, se reinventar e desenvolver, inovar e, eventualmente desaprender hábitos, rotinas e ideias? 

Além de desenvolver e aplicar novas competências técnicas e tecnológicas, como catalizadores da inovação e transformação, é necessário rever crenças e modelos mentais sobre o que é inovar, liderar e gerenciar nesta “Nova Era”, fazendo uso da tecnologia como nossa aliada. 

Como inovar, liderar e gerenciar nesta “Nova Era”? 

Frans Johanssen, autor do livro O Efeito Médici, especialista e consultor em projetos de inovação, aponta alguns eixos específicos de exploração para a inovação: 

  1. Buscar oportunidades para questionar as premissas e as regras do jogo

Manter as coisas sob controle, simples e previsíveis, valorizar a experiência e o planejamento eram “lemas” do século passado. Ter 10000h de prática e ser especialista em algum tema não é mais garantia de sucesso. A grande maioria dos grandes negócios atuais, como Uber, Netflix ou AirBnB não surgiram de uma longa experiência ou de longos anos no mercado. Elas surgiram de um olhar diferente, de questionar as premissas de mercado e acolher as dores dos clientes, para poder competir e até ultrapassar o que já existia. Elas surgiram de olhar cenários futuros e tendências e usar a tecnologia como plataforma.

  1.         Buscar inspiração e ideias de campos, culturas e tempos diferentes 

Buscar melhoria contínua e boas práticas de mercado promove um crescimento sustentável. Só que ficar tentando inovar exclusivamente de forma incremental, usando exclusivamente o conhecimento de dentro do mesmo mercado, empresa, ou grupo de pessoas, vai continuar trazendo diferentes versões das mesmas soluções. Em um mundo em mudança acelerada, com variáveis externas, que não controlamos, mas que afetam os nossos resultados, necessitamos de intersectar expertises de outras áreas, culturas ou tempos, aparentemente sem conexão. Juntando diferentes perspectivas, valorizando e promovendo a diversidade, expertises se combinam para criar modelos diferentes de negócio e de soluções. 

É necessário também trazer o tempo futuro, o que ainda não existe, mas é imaginado e possível, para cima da mesa da conversa. Comece pensando sobre o futuro como um futurista, se alfabetizando e à sua equipe sobre planejamento e foresighting de futuros. 

  1.         Fazer mais apostas e testar mais ideias

No mundo de hoje, altamente complexo e conectado, raramente um problema ou desafio de inovação tem apenas uma única forma de resolução ou se descobre à primeira ou sem envolver várias pessoas.

É necessário, não só analisar e correlacionar diversas ideias, mas também testar diferentes possibilidades muitas vezes, sabendo que a maioria não vingará. Quando se está construindo ou aprendendo algo novo, a incerteza faz parte do processo e como consequência também aceitar o insucesso de algumas das tentativas.

  1.         Repensar o valor da experiência e do conhecimento técnico e da diversidade

Quando estiver construindo a sua equipe, primeiro busque entender o time como um todo e depois expanda trazendo conscientemente diversidade em formação, experiência, expertise, estilo de comunicação e de pensamento e outros atributos. 

O desafio para a liderança é duplo: primeiro, contratar pessoas diferentes e depois conseguir uma boa inclusão na equipe, que não abafe ou tente normalizar as diferenças e sim que respeite e valorize a diversidade. Mais do que por ser moralmente correto, mas também porque é o que vai trazer sucesso. 

Diane Kander, palestrante e estudiosa sobre curiosidade, inovação e crescimento e autora do livro “ O músculo da curiosidade”, traz a provocação de forma mais direta, questionando a forma tradicional de pensar em Inovação.  Para ela o contrário de uma pessoa inovadora é uma pessoa expert em algo. A expertise nos limita para abrir as portas para as possibilidades, pois genericamente já tem respostas para tudo, levando apenas  a evoluções gradativas . A inovação começa em um lugar de não saber. E o elemento que vai permitir a experts apoiar processos criativos e inovadores é a Curiosidade. A curiosidade, que todos temos dentro de nós quando crianças e vamos frequentemente abafando ao longo da nossa vida. 

Por outro lado…

No que diz respeito à implementação de uma cultura de inovação, apesar de ser um desejo e uma necessidade das organizações, sabemos bem que é mais fácil falar do que fazer. 

Sabemos que a inovação não acontece em qualquer tipo de ambiente, nem por decreto ou porque está escrito no orçamento anual. 

Então…

Como promover a criatividade e agir para que a inovação aconteça?

Fatores como 

  •   tolerância ao erro e conforto com incerteza e ambiguidade,
  •   abertura para a experimentação para poder aprender,
  •   segurança psicológica para poder falar, 
  •   colaboração 
  •   e estruturas pouco hierarquizadas 

contribuem para que a criatividade floresça e faça parte do dia a dia.

Cabe aos líderes da organização modelar e incentivar este ambiente de forma intencional e consciente.

Criar um ambiente propício à criatividade e promover comportamentos adequados, por si só não é fácil, pode representar quebrar com o status-quo em organizações mais tradicionais. Mas manter essa cultura de inovação é ainda mais difícil, mesmo em start-ups. 

A “dura verdade sobre a inovação”, de acordo com Gary P. Pisano, professor na HBS, é que inovação exige gestão e disciplina, criando-se assim um paradoxo, que se não for cuidadosamente gerenciado, qualquer tentativa de criar e sustentar uma cultura inovativa irá falhar.

Surge assim a necessidade de integrar e balancear polaridades:

  •    tolerância ao erro e conforto com incerteza e ambiguidade requerem ter pessoas extremamente competentes. Está tudo certo explorar ideias arriscadas e até falhar, mas competências técnicas medíocres, maus hábitos de trabalho ou gestão pobre ou desleixada não podem ser tolerados para manter uma cultura de inovação efetiva. A falha deve ser celebrada se leva ao aprendizado e não pode ser confundida com tolerância à baixa performance.
  •   abertura para a experimentação para aprender é um fator importante da inovação, que requer disciplina e método no processo experimental, nomeadamente critérios para avançar ou parar com alguma ideia.
  •   segurança psicológica para poder falar e partilhar suas ideias e opiniões é fundamental para o processo criativo, o que requer também a abertura para franqueza direta e espírito crítico da parte de outros, mantendo o respeito.
  •   colaboração é a base da integração de diversos conhecimentos para a geração de ideias e sua análise crítica, não podendo em paralelo faltar a responsabilização individual de cada um pelas suas decisões, nomeadamente da parte de líderes de projetos.
  •   em estruturas pouco hierarquizadas as pessoas têm maior liberdade e autonomia para atuar e tomar decisões, o que tipicamente permite reagir mais rapidamente a desafios e gerar mais ideias. Por outro lado, esse fator pede liderança forte, próxima das bases, que transmita e alinhe claramente prioridades estratégicas e direção, e que simultaneamente seja competente e domine questões mais operacionais.

 No mundo atual, onde a tecnologia e complexidade conduzem as mudanças, o sucesso virá da nossa capacidade como líderes de negócio e de equipes de inovar. 

Como estão interseccionando ideias e pessoas, balanceando as polaridades e promovendo a cultura de inovação em sua organização?

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