Em um mundo cada vez mais tecnológico, as competências humanas são as mais relevantes
Face ao turbilhão de mudanças e eventos dos últimos anos, a maioria de nós já se perguntou em algum momento, onde isto vai dar. Como sobreviver neste mundo? Viemos de um tempo que era baseado em uma busca por previsibilidade e controle. Agora, a natureza dos desafios é complexa e ambígua, por vezes caótica e precisamos aprender a velejar na imprevisibilidade e a conviver na incerteza. A tecnologia tomou conta de parte das nossas rotinas, facilitando o dia a dia e simultaneamente ameaçando formas de pensar, viver e trabalhar.
O que será que é necessário aprender e desenvolver para poder prosperar?
O relatório “The Future of Jobs” (“O Futuro dos Empregos”, adaptado em português), divulgado em maio de 2023 pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), é um bom termômetro global sobre os principais fatores e indicadores que nos permitem ter mais clareza sobre a realidade atual e tendências futuras. Este estudo global nos apresenta, quais as principais perspectivas das organizações para os próximos 5 anos. O relatório apresenta as principais macrotendências que moldaram (ou já estão moldando) a transformação dos negócios e o mercado de trabalho, assim como quais as expectativas das organizações em relação às habilidades e comportamentos necessários para ter sucesso e agregar valor.
Não precisamos ler o relatório em detalhe, basta ler as notícias, ouvir as discussões e mesmo olhar para o nosso dia a dia, para ter claro que a tecnologia guiará em primeiro lugar o futuro dos negócios e da sociedade. Segundo o relatório, mais de 85% das organizações pesquisadas identificam o aumento da adoção de novas tecnologias de ponta e a ampliação do acesso digital como as tendências que mais provavelmente conduzirão a transformação nas suas organizações. A aplicação mais ampla dos padrões ambientais, sociais e de governança (ESG) dentro de suas organizações também terá um impacto significativo, assim como o aumento dos investimentos para impulsionar a transição verde.
Em termos macroeconômicos, o relatório identifica o aumento dos custos de vida, a desaceleração do crescimento económico mundial, incertezas e maiores custos nas cadeias de suprimentos, assim como uma maior vocalização dos consumidores em questões sociais e ambientais como vetores que influenciarão as decisões estratégicas das organizações e dos governos.
Por outro lado, se antes as competências técnicas e de gestão eram consideradas as mais relevantes para o sucesso das organizações e de colaboradores, agora, em um momento, em que é a tecnologia o principal vetor de transformação, se percebe que dentro das principais competências para desenvolver no futuro, as competências humanas aparecem em destaque.
Esta tendência, já se vinha acentuando nos relatórios anteriores, desde antes da pandemia, mas agora se torna clara a necessidade de investir em competências cognitivas, de autogestão, liderança, socioemocionais e relacionamentos interpessoais. Na nossa interpretação, as competências técnicas têm tendência a virar commodities, habilidades necessárias, mas não suficientes para prosperar profissionalmente ou para garantir os resultados das equipes e organizações.
Quais são então as principais competências apontadas pelo Fórum Econômico Mundial para os próximos 5 anos?
No contexto dos avanços tecnológicos, são apontadas as competências em IA e gestão de dados (Big Data), literacia tecnológica e design de experiências de utilizador, fazendo parte do TOP10 de habilidades a desenvolver. No entanto, não são a maioria, por incrível que pareça!
As duas primeiras competências apontadas pelo relatório são o pensamento analítico e o pensamento criativo, o que conecta também com a alta complexidade dos desafios à nossa frente, a necessidade de olhar e dar sentido aos dados e porque as organizações estão saindo de uma perspectiva de cliente fornecedor para um modelo de parceria. Nesse sentido a liderança e influência social se tornam extremamente relevantes.
Diante dessas mudanças pela qual o mundo todo está passando, a capacidade de aprender se torna essencial. Dessa forma, o relatório aponta igualmente a curiosidade e a aprendizagem contínua.
As competências de autogestão aparecem em destaque, como resiliência, flexibilidade e agilidade, associadas a uma elevada auto consciência e motivação. O modelo mental do líder convida a pensar, cada vez mais, em como lidar com as novas forças de trabalho mais complexas, em rede, muitas vezes virtuais. É fundamental ouvir para entender e se conectar com os seus stakeholders de forma genuína, perceber o que as pessoas pensam e sentem, e sob quais lentes observam o mundo. É a partir da partilha dessas diferentes perspectivas que as pessoas se sentem incluídas e terceiras vias para resolução de problemas se apresentam, ainda mais ricas. A empatia e a escuta ativa surgem como competências fundamentais.
Competências técnicas e habilidades comportamentais são necessárias
O foco das necessidades de desenvolvimento está ficando cada vez mais balanceado, aliando a contratação com base nas competências técnicas com as competências humanas e comportamentais. É importante para as organizações e para os indivíduos, na gestão de suas carreiras, o equilíbrio no desenvolvimento de competências. Vale tanto na gestão profissional para diminuir a rotatividade de empregos e continuar a ter uma carreira viável, quanto para manter a atratividade para garantir uma força de trabalho que lide efetivamente com os desafios que estão por vir.
Todos estes desafios são altamente complexos. As organizações começam a ter consciência, que, para poder navegar nesses mares revoltos e trazer soluções que respondam aos anseios, tanto em termos da necessidade de resultados e sustentabilidade dos negócios, como das necessidades dos colaboradores e sociedade, é necessário modelos diferentes de gestão e liderança. Surge a importância de pensar em termos de futuro além dos resultados do próximo semestre, e se percebe a necessidade de ter líderes e equipes com visão mais sistêmica, que olhem além da fronteira da própria organização, para um ecossistema de stakeholders abrangente e com um propósito de impacto positivo na sociedade, para o ambiente e até gerações futuras. É um novo modelo mental.
Nesse sentido, temos uma visão de negócio que acolhe e investe na tecnologia, complementando com competências de gestão e visão de negócio e habilidades humanas – liderança, comunicação e inteligência emocional nas suas duas vertentes de autoconsciência e autogestão, e de consciência social, empatia e gestão de relacionamentos – para criar impacto positivo hoje e no futuro.
Sobre a Quantum Development – Diferenciando-se do mercado “comoditizado” de desenvolvimento, a Quantum foi criada com o propósito de apoiar organizações e líderes em sua busca por transformação para lidarem com um mundo em constante evolução e se tornarem “future fit”. Em seu portfólio de serviços, a Quantum oferece soluções integradas de desenvolvimento profissional para organizações, equipes e indivíduos que buscam estratégias de transformação eficazes e coerentes com seus valores.