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Respeito às tradições reforça orgulho e senso de pertencimento nas organizações

Bianca Aichinger e Susana Azevedo

Estávamos na festa junina da escola dos nossos filhos e paramos para pensar que as festas típicas, como as festas juninas, podem ir muito além de uma simples comemoração da tradição popular brasileira. Refletimos como esses rituais e manifestações podem também ser uma oportunidade de trabalhar muitos valores, modelos mentais e competências dentro das organizações, como o senso de pertencimento, orgulho, espírito de equipe, respeito às diferenças, inclusão, entre outros. É sob essa inspiração e perspectiva que resolvemos explorar como líderes podem aproveitar as manifestações culturais no desenvolvimento de  equipes conectadas, inclusivas, colaborativas e simultaneamente eficazes e eficientes.

Para começar, vamos relembrar um pouco das raízes da tradição junina. As suas origens remontam ao século XVI. Originadas a partir de eventos tradicionais de Portugal, as festas juninas estão ligadas diretamente ao catolicismo popular e a outros aspectos religiosos. Sendo algo inicialmente local, de um país distante e pequeno como Portugal, esses festejos atravessaram fronteiras e tomaram conta do nosso país, ultrapassando as fronteiras rurais e regionais e hoje acontecem na maioria das cidades brasileiras. Suas contribuições são tão significativas que hoje também são motor para a economia, seja pelo comércio ou pelo turismo.

Cercada de símbolos e ritos, a tradição junina é sinônimo de alegria, confraternização e descontração. Sua influência nas comunidades é indiscutível, mas e para as organizações? Seria possível extrair um significado mais profundo dessa festividade e trabalhar conceitos implícitos desta tradição nas lideranças e equipes das organizações? Nosso entendimento é que sim.

Não há como entender o comportamento de um indivíduo ou de um grupo sem levar em conta a influência da sua história de vida e da cultura em que ele está inserido. A cultura do lugar onde nascemos, assim como a cultura de nossa casa, refletem diretamente na forma de vermos o mundo e na forma de nos comportarmos em sociedade. É natural que isso se reflita dentro das organizações. Independente de qual seja a cultura da empresa, ela será diretamente influenciada pelos costumes do local em que se encontra.

Tudo seria menos complexo se ainda vivêssemos como há décadas, quando profissionais não cruzavam com frequência as fronteiras para trabalhar e viver em outras regiões ou países e as organizações restringiam a sua atuação prioritariamente ao local da sua matriz de origem. Hoje, vivemos uma realidade em que o desenvolvimento e a tecnologia nos permitem contato com diferentes pessoas de diferentes partes do mundo e as empresas expandiram as suas relações comerciais e suas operações por diversas regiões do globo. Interessante é observar que, mesmo com a globalização, as tradições e costumes locais persistem, criando uma atmosfera de conexão e identidade de grupo, uma das necessidades básicas da humanidade desde sempre.

Entender e conhecer o contexto cultural em que estão inseridas proporciona que as empresas reforcem aspectos como senso de pertencimento e orgulho nos colaboradores. Líderes que entendem e valorizam as características culturais de suas equipes, dando voz à sua expressão e comemoração, criam um ambiente seguro para a manifestação autêntica das pessoas, fortalecendo a conexão entre os indivíduos e com a organização.

Identificar as características e tradições locais, respeitando-as e celebrando-as, como no caso das festas juninas, pode ser uma oportunidade valiosa. Ao dirigir um olhar de curiosidade e empatia, as lideranças se permitem e permitem ao grupo a oportunidade de experimentação, de conhecer o novo e buscar formas alternativas de resolver problemas e desenvolver projetos em um ambiente de respeito e confiança.

Da nossa experiência como executivas ou como coaches,  liderando e trabalhando com equipes em empresas brasileiras e multinacionais, vivendo em diversos países, observamos que, apesar das diferenças regionais, há sempre mais pontos de convergência do que divergência entre grupos de pessoas. No final das contas, independente da origem, todos nós queremos ver a nossa individualidade respeitada, sermos valorizados em nossas diferenças, sermos ouvidos e participar ativamente da construção de algo maior, que dê significado à nossa contribuição e nossa existência. Essa é a verdadeira inclusão que as empresas e seus gestores devem buscar. Com curiosidade e empatia e uma boa dose de bom humor e leveza, podemos conectar mentes e corações através do respeito e da vivência das tradições. Essa conexão pode ser uma alavanca para um genuíno e verdadeiro trabalho em equipe, potenciando resultados e performance, através de relacionamentos colaborativos e responsáveis e bem-estar e satisfação.

Vamos comer um pinhão e beber um quentão?

* Bianca Aichinger e Susana Azevedo são ex-executivas, coaches e sócias-proprietárias da Quantum Development.

Sobre a Quantum Development – diferenciando-se do mercado “comoditizado” de desenvolvimento, a Quantum foi criada com o propósito de apoiar organizações e líderes em sua busca por transformação para lidarem com um mundo em constante evolução e se tornarem “future fit”. Em seu portfólio de serviços, a Quantum oferece soluções integradas de desenvolvimento profissional para equipes, grupos e indivíduos que buscam estratégias de transformação eficazes e coerentes com seus valores.

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